quarta-feira, 20 de maio de 2009

Caiu-se no erro peregrino de desprezar quem escreve bem


Quero felicitar vivamente a iniciativa. As nossas responsabilidades profissionais e cívicas impõem reflexão sobre o problema e consequente intervenção.

Partilho da ideia de que há abreviaturas que se suportam. Não ferem a Língua e cabem no meio de difusão. Já me preocupa que por contaminação, os jovens e não só os jovens, passem para outros suportes de escrita essas abreviaturas.

As adulterações são obviamente intoleráveis e a combater. A escola e os media em geral devem efectuar um trabalho sistematizado de preservação da Língua escrita, como de resto da falada, esta porventura mais maltratada do que aquela.

É através da Literatura que se pode e deve ensinar a Língua. Caiu-se no erro peregrino de desprezar quem escreve bem e fazer exercícios malabares nas escolas, dando por bons e paradigmáticos textos escritos por jovens, cantores, actores(?), locutores e outros "ores", que pública e notoriamente conflituam com a Língua Portuguesa.

Se bem percebo o projecto, ao colocar à disposição dos jovens textos de Miguel Torga no suporte que mais utilizam, se admitirmos que os lêem, ficarão registos subliminares não só da ortografia como da estruturação sintáctica. Como tal, podemos aspirar a que com o tempo haja uma metabolização do bom uso.

O grande trabalho tem de ser feito na Escola. Mas precisamos de certificar que os próprios professores sabem escrever.

José Henrique Dias, Prof. Doutor

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