sexta-feira, 22 de maio de 2009

tnt

tnt tnt, tnt tnt, tnt tnt, tnt tnt, tnt tnt…

tanto tento, tanto tinto, tanto tonto, tanta tonta, tanta tinta...

Ou será que é mesmo, e só, tnt? Esta a designação comum de uma substância com o estranho nome de trinitrotolueno – a que na tropa, quase com carinho, chamávamos, simplesmente, trotil, que era um excelente explosivo e também dos mais seguros (obviamente para quem o manuseava, mas não para quem lhe sofria as consequências...).

Esta introdução “explosiva” pretende ser modesto contributo para que se evite a “implosão” da nossa língua – como poderá suceder, a prazo, se continuarmos a ignorar este e outros fenómenos de maus tratos.
Numa altura em que se escreve de cada vez pior, esta iniciativa do Instituto Superior Miguel Torga parece-me muito meritória (as minhas felicitações para o Prof. Dinis Alves e para as alunas que arranjaram tempo e paciência para tão invulgar empreitada).

A mera leitura da “tradução” do Diário XII de Torga para “linguagem sms” é eloquente quanto à necessidade de evitar que esta nova forma de comunicação continue a propagar-se sem regras e adulterando a língua.
Ora, como dizia o Poeta, ela é a nossa Pátria – e a Pátria é algo que tem de respeitar-se e defender-se.
Se tantos o fizeram, ao longo dos séculos, empunhando armas de guerra (desde a espada de D. Afonso Henriques até às G3 que estiveram em boas mãos…), por que não se empunham, agora, as pacíficas canetas e os inofensivos teclados, e em vez de nos limitarmos a criticar os jovens (“krtkr us jvns”?...), nos adaptamos nós a estes novos métodos, descobrindo formas para que eles os utilizem sem desrespeito pelas normas.
Porque todos nós, sobretudo enquanto estudantes, utilizávamos abreviaturas para escrevinhar apontamentos nas aulas. E os jornalistas continuaram a fazê-lo antes de se vulgarizarem os gravadores. Aliás, ainda hoje, quando faço uma entrevista, mesmo utilizando o gravador – agora são digitais, já não precisam de “k7” (o galicismo cassete, de fita magnética, mas também podia ser cacete, para agredir a língua à cacetada!...) – continuo a tirar apontamentos, pois esses nunca tiveram falhas técnicas, ao contrário dos dispositivos electrónicos, que frequentemente nos “pregam a partida”!

Para bem escrever é preciso saber a correcta grafia das palavras – e isso aprende-se, sobretudo, lendo muito, mas lendo o que está bem escrito. Ora “a malta” hoje lê pouco e, também por isso, escreve de cada vez pior.
Esta realidade não se aplica só aos jovens estudantes, mas também a alguns ilustres docentes dos vários graus de ensino, do básico ao superior, e a muitos jornalistas (é ouvi-los, diariamente, na rádio e na televisão, para facilmente imaginar como devem escrever...).

Bem bastam as palavras homófonas (ou que assim parecem porque ditas ou ouvidas de forma pouco rigorosa), que geram imensos erros ortográficos, até, repito, por parte de jornalistas e de professores – as duas actividades profissionais por mim exercidas, pelo que sei do que escrevo...
Julgo que é preciso que os professores aprendam a ensinar os alunos a escrever abreviaturas.
Uma das formas mais práticas será a de pegar nas que eles agora vulgarmente utilizam nos sms e desafiá-los a escrever, por extenso, as palavras correspondentes. Tudo isto com “uns pós” de etimologia, que mostrem que “num poço posso cair” e afogar a língua...

Kekaxm?
Estou a brincar!...
Agora a sério:
Q e q achm?

Jorge Castilho
(jornalista)

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